O Instituto Bem do Estar, organização sem fins lucrativos dedicada à promoção do bem-estar mental, realiza, no dia 20 de outubro, mais uma edição da ação “Estar na Escuta”. A iniciativa, que acontece na Praça Roosevelt, em São Paulo, das 9h às 13h30, busca oferecer escuta ativa com o apoio de psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, a fim de conscientizar a população sobre a importância da saúde mental.
Focado especialmente em mulheres, jovens e pessoas LGBTQIAPN+, o instituto trabalha pela redução do estigma em torno da saúde mental, oferecendo programas que promovem o letramento socioemocional e o acolhimento. Desde seu lançamento, o programa já impactou diretamente oito mil pessoas e indiretamente quase um milhão de pessoas em 55 ações, incluindo 21 eventos de concentração e 29 ações de letramento socioemocional, segundo Isabel Marçal, confundadora da ONG.
Em entrevista ao Nota Social, Isabel compartilhou mais detalhes sobre as iniciativas e a importância da mobilização em prol da saúde mental.
Nota Social: O Instituto oferece atendimento psicológico?
Isabel Marçal: Não. Essa é uma confusão comum. Não fazemos atendimentos psicológicos. Nosso foco é na educação e na promoção da saúde mental. A ação “Estar na Escuta”, por exemplo, oferece escuta ativa, mas não atendimentos psicológicos. Queremos ensinar as pessoas a falar sobre saúde mental de uma forma leve, sem associar automaticamente o tema à doença.
NS: Por que existe o foco em mulheres, jovens e população LGBTQIAPN+?
IM: Esses são os grupos mais acometidos por questões de saúde mental. As mulheres, por exemplo, são duas vezes mais afetadas que os homens, principalmente pela depressão profunda. Já os jovens são a população mais acometida por saúde mental, sendo que entre 15 e 29 anos são os anos que mais aparecem as questões relacionadas à saúde mental. Por fim, a população LGBTQIAPN+, tem três vezes mais chance, em especial os jovens, de ter problemas com saúde mental que os heterossexuais.
NS: Quais são os principais programas do Instituto durante o ano?
IM: Temos duas frentes de atuação: conscientização e letramento socioemocional. A conscientização inclui campanhas de awareness e projetos como o “Ser Mulher” e o “Ser LGBTQIAPN+”. Temos o “Estar na Escuta”, um dos nossos projetos mais queridinhos, levando a escuta ativa nas ruas para gerar conhecimento. Também realizamos pesquisas para gerar dados de qualidade sobre saúde mental e fazemos advocacy, articulando redes com agentes privados e públicos. Nosso maior foco está no letramento socioemocional e temos dois projetos nessa frente: a “Jornada do Estar”, que desenvolve habilidades socioemocionais, e workshops que promovem o fortalecimento da nossa metodologia e o cuidado com a saúde mental.
NS: O que é exatamente a ação “Estar na Escuta”?
IM: É uma das nossas ações mais queridas. Levamos escuta ativa para as ruas, para que as pessoas possam falar sobre seus sentimentos, não necessariamente sobre queixas. Muitas vezes, só querem conversar sobre o dia a dia. É uma maneira de mostrar que falar sobre saúde mental pode ser natural e acessível.
NS: Qual a sua opinião sobre o Setembro Amarelo?
IM: Campanhas como o Setembro Amarelo são importantes, mas servem apenas para alertar. O grande problema é que as pessoas esperam que elas sejam a solução completa, o que não é o caso. O Janeiro Branco, por exemplo, é invisibilizado. A comunicação precisa ser especializada, especialmente ao tratar de temas sensíveis como suicídio. É fundamental que essas campanhas venham acompanhadas de ações contínuas.
É possível ajudar o Instituto Bem do Estar a se manter por meio de doações. Clique aqui para saber como fazer sua contribuição.
Para mais informações sobre o instituto, acesse: https://www.bemdoestar.org.
(Rafaela Eid, do Nota Social)