ONGs ainda ignoram potencial de IA e gamificação na gestão

Mesmo com potencial comprovado, IA e gamificação ainda são pouco exploradas por organizações do terceiro setor

A primeira manhã do Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (FIFE 2025), realizado em Curitiba, trouxe à tona como a inovação pode ser aliada das causas sociais. As discussões giraram em torno da aplicação da inteligência artificial (IA) e da gamificação em projetos do terceiro setor — e mostraram como essas ferramentas, quando bem utilizadas, ampliam resultados e otimizam recursos.

Felipe Bannitz, CEO da Mandū Inovação Social, defendeu o uso da IA como apoio à gestão e à criatividade das equipes. Ele explicou que muitas vezes a resistência ao uso dessas ferramentas está baseada em um equívoco: o medo de substituição de pessoas. “A tecnologia não chega para ocupar o lugar do ser humano, mas para aliviar a sobrecarga com tarefas operacionais e abrir espaço para decisões mais estratégicas”, destacou.

Para ajudar organizações a entenderem melhor esse processo, Bannitz propôs a análise da IA em três esferas distintas: pessoal, institucional e comunitária. No uso individual, por exemplo, estão ferramentas como o ChatGPT, empregadas para organização de ideias ou tarefas diárias. Já no campo organizacional, a IA pode ser incorporada em fluxos administrativos, reduzindo retrabalho e aumentando a produtividade. Por fim, no nível comunitário, ela pode ajudar na formação de redes, no apoio técnico a iniciativas locais e na estruturação de campanhas mais eficazes.

Bannitz também apresentou dados do setor privado para ilustrar o avanço da IA. “Mais da metade das empresas já adotaram IA em alguma parte da operação, e a tendência é que até 2027 esse número chegue a 75%, segundo a Gartner. O terceiro setor precisa acompanhar esse ritmo se quiser manter sua relevância e ampliar seu impacto”, concluiu.

Na mesma manhã, Bianca Porto, fundadora da Grifa, abordou o potencial da gamificação como estratégia para ampliar o engajamento de parceiros, voluntários e doadores. Ela propôs que ONGs utilizem elementos de jogos — como metas, regras e recompensas — para criar dinâmicas motivadoras e fortalecer vínculos com o público.

“Gamificar não é criar um jogo inteiro, mas adaptar algumas de suas lógicas para estimular participação”, explicou. Um exemplo citado por ela foi o uso de premiações entre grupos de apoiadores: quem trouxer mais voluntários dentro de regras pré-estabelecidas pode receber um reconhecimento simbólico. “Isso aumenta o envolvimento e ajuda a movimentar as redes de apoio de forma mais divertida e eficiente”, afirmou.

Bianca reforçou que, apesar de parecer um conceito sofisticado, a gamificação é acessível e pode ser implementada com criatividade e planejamento. “Quando bem aplicada, ela gera engajamento emocional e colabora diretamente para o fortalecimento das causas sociais.”

(Redação Nota Social)

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