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Os gatilhos do altruísmo

Como essa característica humana pode impulsionar o desenvolvimento da sociedade

*Por Pollyana de Freitas Andrade Miguel

Qual é o caminho para alcançar o bem comum e o progresso da sociedade? Essa é a reflexão central realizada pelo importante filósofo francês Auguste Comte. Foi, inclusive, nesta jornada reflexiva que Comte chegou até a primeira definição reconhecida de altruísmo, o qual descreveu como sendo “um conjunto de disposições humanas que levam as pessoas a se dedicarem aos outros”.

E seria o altruísmo a origem da motivação para realizarmos o bem a outra pessoa? Ou o ponto central para uma transformação mais profunda da forma de nos relacionarmos uns com os outros? Talvez esse seja um caminho não apenas para nosso aperfeiçoamento como indivíduos, mas para um desenvolvimento mais amplo: o da sociedade. Afinal, a sociedade é um organismo vivo, no qual cada parte contribui para manter o equilíbrio do todo, nas palavras do renomado filósofo. 

Ainda que o altruísmo por si só não seja o suficiente para alçarmos outro patamar de desenvolvimento, é notório que ele movimenta ações importantes do nosso dia a dia que nos leva em direção a esse caminho. Muitas vezes, tais ações podem salvar vidas, como as realizadas por doadores de sangue. No Brasil, cerca de 1.4% da população doa sangue regularmente, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Esse percentual ainda não é suficiente para atender à demanda, porém tem crescido nos últimos anos. 

Ao investigar os motivos do aumento da doação de sangue, nos deparamos com o tema em questão: o altruísmo. Essa característica humana tem diferentes facetas. Ela pode vir de um amadurecimento moral, fazendo com que algumas pessoas doem sangue devido a gatilhos internos, como Deivid Souza. O jornalista é doador de sangue recorrente e, segundo ele, “doar sangue é também uma forma de agradecer a Deus por minha saúde”. Deivid faz parte de um trabalho de saúde pública de grande relevância, “que não existe sem a figura do voluntário, do altruísta”, ratifica o Presidente do Hemocentro de Brasília, Osnei Okumoto. 

Por outro lado, o altruísmo na doação de sangue pode ser decorrente de outros tipos de gatilhos. Uma pesquisa realizada pela Abbott mostra os principais gatilhos e barreiras para esse tipo de doação. Em 2021, foram entrevistadas pessoas entre 16 e 64 anos de oito países. O estudo mostrou que, no Brasil, a maioria das pessoas são motivadas a doarem quando ocorre alguma situação de desastre que gera ampla comoção ou quando um familiar necessita. Trata-se de elementos externos que influenciam, ou disparam o altruísmo. 

Neste caso, um contexto poderia fazer parte do conjunto de disposições humanas que levam as pessoas a se dedicarem aos outros? Ao que parece sim, mas não de forma única. Podemos esperar um gatilho decorrente de um evento fatídico para externalizar o altruísmo, mas também podemos amadurecer diariamente nossa moralidade. O mais provável é que o exercício diário do altruísmo possibilite contribuições sociais mais consistente que possam impulsionar o desenvolvimento da sociedade como um todo. Assim, levaríamos o equilíbrio da sociedade descrito por Comte a outro patamar: o do desenvolvimento humano. 

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*Pollyana de Freitas Andrade Miguel

Pollyana é escritora e consultora em gestão estratégica, impacto social e mobilização de recursos, atuando principalmente com investimento social privado. Trabalhou em diferentes organizações, incluindo ONU, Governo Federal e Sistema S. É autora de livros e métodos neste campo de atuação. 

Instagram: @pollydeandradeinside

Site: www.iandenegocios.com

Para acompanhar o quadro Sua história inspira, acesse Doses Milionárias.

Acesse a pesquisa realizada pela Abbott.

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