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Violência contra a mulher atinge nível histórico, aponta ONG

Agressões disparam, denúncias não avançam e vítimas continuam desamparadas diante da impunidade

O Brasil alcançou um índice alarmante de agressões contra mulheres, com 37,5% das brasileiras relatando ter sofrido algum tipo de violência nos últimos 12 meses. Esses números representam mais de 21 milhões de vítimas e configuram o pior cenário desde 2017, evidenciando que uma em cada três mulheres no país já foi agredida.

De acordo com o Fórum de Segurança Pública, essa realidade é ainda mais preocupante quando se observa a falta de resposta das autoridades. “O que mais precisa acontecer para que isso seja tratado como prioridade? Esses dados, mais uma vez, trazem uma realidade triste, preocupante e alarmante”, afirmou Melissa Terron, superintendente da ONG Ficar de Bem.

Um exemplo trágico dessa realidade é o caso de Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, que foi assassinada após denunciar a presença de dois homens suspeitos em um ônibus. Dias depois, seu corpo foi encontrado com sinais de tortura, demonstrando que, em muitos casos, pedir ajuda nem sempre é suficiente. O medo das vítimas, o silêncio em torno dos abusos e a impunidade alimentam um ciclo vicioso de violência que se perpetua ao longo das gerações.

“Estamos falando de uma geração inteira de meninas e mulheres que vivem acuadas, reféns da própria existência e muitas das vezes, buscam o silêncio como refúgio”, destacou Melissa.

A pesquisa também revela dados preocupantes sobre a falta de suporte após uma agressão. Quase metade das mulheres (47,4%) sequer procuraram ajuda após a violência, e apenas 25,7% conseguiram ser ouvidas por órgãos oficiais. Muitas mulheres recorrem a amigos ou familiares, enquanto outras simplesmente desistem antes de tentar.

Melissa enfatiza a gravidade do processo de denúncia. “Quando uma mulher denuncia, começa uma batalha sem fim. Muitas são desacreditadas, expostas, revitimizadas. Outras voltam para casa sem nenhuma proteção e seguem convivendo com seus agressores. Sem políticas públicas eficazes, as vítimas continuam desamparadas”, alerta.

Apoio à Mulher: Casas de Acolhimento e Ações de Proteção

Uma das iniciativas que se destacam no combate à violência contra a mulher é a Casa da Mulher Paulista, administrada pela ONG Ficar de Bem em parceria com a Prefeitura de São Bernardo e o Governo do Estado de São Paulo. O local oferece suporte jurídico, psicológico e social para vítimas de violência que buscam recomeçar suas vidas. A Casa atua em colaboração com a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), Juizados Especiais, Ministério Público e Defensoria Pública, oferecendo acolhimento e proteção para quem não tem mais para onde ir.

Melissa defende que o Brasil precisa expandir esse tipo de apoio. “Casas como a nossa não deveriam ser exceção, deveriam existir em cada bairro, em cada cidade. Muitas mulheres não denunciam porque não têm para onde ir. É preciso expandir essa rede de acolhimento e garantir que nenhuma vítima fique sem assistência.”

A Urgente Necessidade de Respostas Rápidas

Melissa ainda ressalta a importância da rapidez nas ações diante da violência. “Cada dia sem resposta significa mais casos fatais. A banalização da violência alimenta estatísticas que crescem sem controle e o Brasil precisa encarar esse cenário com a seriedade que ele exige, antes que outra vida seja brutalmente interrompida”, conclui.

Com esses números em mente, fica claro que a violência contra a mulher no Brasil precisa ser tratada como uma emergência nacional. O ciclo de agressões e impunidade deve ser quebrado por meio de políticas públicas eficazes, apoio imediato e, acima de tudo, pela criação de uma rede de acolhimento e proteção capaz de salvar vidas.

Sobre Ficar de Bem

A ONG Ficar de Bem é uma organização não governamental, sem fins lucrativos e sem vínculos políticos ou religiosos, que há 36 anos defende os direitos e oferece apoio integral a crianças, adolescentes e suas famílias, além de idosos, mulheres e pessoas em situação de rua, vítimas de violência física, psicológica, sexual e negligência.

(Redação Nota Social com informações da Assessoria de Imprensa)

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